Nem só de pão vive o homem

Nem só de pão vive o homem
mas também de observar

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Homenagem



Eu luminoso não sou. Nem sei que haja
Um poço mais remoto, e habitado
De cegas criaturas, de histórias e assombros.
Se, no fundo poço, que é o mundo
Secreto e intratável das águas interiores,
Uma roda de céu ondulando se alarga,
Digamos que é o mar: como o rápido canto
Ou apenas o eco, desenha no vazio irrespirável
O movimento de asas. O musgo é um silêncio,
E as cobras-d’água dobram rugas no céu,
Enquanto, devagar, as aves se recolhem.
José Saramago

2 comentários:

  1. Lucia
    Das obras de José Saramago, ainda tentei ler " O ano da morte de Ricardo Reis ", mas sinceramente, não o acabei. Não gosto do género literário e menos ainda simpatizava com ele. No entanto reconheço (desconhecia que ele também escrevia poemas) que este que tu " plagiaste" é profundo. Gostei.

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  2. Li, anteontem, os dois livros de poemas de José Saramago. Surpreendeu-me a riqueza e profundidade da sua poesia, a pontuação correcta, no tempo e no espaço, na entoação também. Às vezes dei comigo pensando que lia Pessoa. Extraordinária a diversidade da sua obra, a facilidade com que cria personagens, a ficção e a interligação à vida quotidiana actual.

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