Nem só de pão vive o homem

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mas também de observar

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Despedida


Há 18 anos deu-me um último abraço. Lúcido, de despedida intensamente sofrida.

Recordo-o dolorosamente, como se tivesse sido ontem ou mesmo hoje.

O tempo não resolve tudo.

Dá-me um abraço, disse-me, por entre tubos, já em asfixia longa e desesperante.

Consegui abraçá-la, beijá-la e…despedir-me!

Fica a memória e a sensação de que enquanto perdura a memória de alguém, a morte não conseguiu levá-la completamente.

Oxalá a minha se mantenha viva pelo resto da minha vida.

7 comentários:

  1. Lucia
    Ao abrir o teu blog, arrepiei-me e a saudade também se apoderou de mim. Que lindas estavam. Vê-se no vosso rosto, o amor e felicidade entre mãe e filha. Vê-se a bondade dos vossos corações. Também a guardo no meu coração. Lembro-me quase todos os dias dela. E sabes porquê? Porque além do seu sorriso e olhar terno, vejo-a na cozinha e na casa toda a dar de comer a todos os gatos que lá apareciam. Fazia-me uma certa confusão...e não é que agora estou a fazer exactamente o mesmo. Este é um detalhe, mas muitos outros me marcaram e que não terminaria de citá-los. Sabes, nascemos, andamos cá neste Mundo e desaparecemos físicamente mas eu acredito, que não podemos terminar assim. Daí, ter a esperança de voltar a estar com os que amamos. Lá onde ela estiver, está certamente a ver-te e feliz por ter a filha que és. Um beijinho para ti e outro para ela.

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  2. Obrigada, querida Milú, amiga especial de quem tenho saudades.
    Tenho poucas fotografias com a minha mãe...nem sei bem porquê e tenho pena. Por isso, fui buscar esta, do dia do meu casamento, de que também tenho poucas fotografias...esquecemo-nos desse pormenor. Não tem importância mas também tenho pena. Foi uma cerimónia caseira e simples. Sem "arrebites" . Só família muito chegada e...sim, estávamos ambas felizes, apesar da doença que, infelizmente, já estava muito avançada e a incapacitava de muita coisa.
    Um grande beijinho para ti

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  3. Lucinha, o que dizer??? Ao contrário da Milú, a quem fluíram as palavras, fico um pouco asfixiada para falar da tua mãe... que eu adorava! E, como te disse há dias, com grande surpresa minha, soube pela boca da minha filha que igualmente partilhava esse sentimento em relação àquela bondosa senhora, a quem nunca ouvi uma palavra de zanga ou recriminação, apenas de alegria ou resignação. Aliás a carinha dela era isso que reflectia. O que, pelos vistos, era absorvido pela cabecinha das mais criancinhas (embora eu também fosse uma criancinha pequena quando a conheci, e sempre tive a mesma ideia sobre ela). E que todas as nossas mães repousem lá no céu eternamente, como diria o poeta, porque bem merecem, a avaliar pelos sentimentos que conseguiram transmitir a estas filhas que tanto as adoram, mesmo tantos anos após as suas partidas. Beijinho grande, Lucinha.

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  4. Obrigada, amiga! Ela também gostava muito de vocês.
    Beijinho grande para ti também.

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  5. Lucinha, esqueci-me de comentar as magníficas orquídeas com que andas a "caçar"! São mesmo produção tua ou saíram já assim da loja?

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  6. Lucinha, ainda te vou dizer menos que as outras...
    Primeiro porque não tive tanta convivência com a tua mãe, como elas tiveram e depois porque a minha se foi embora há menos tempo...e eu deixei-a no hospital, depois de ela me ter beijado a mão e já não a vi mais com vida.
    Beijos Lúcia.

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  7. Foi um fim de dia muito triste.
    Eu também estava lá.
    Já passou.
    E não passa.
    Fica.

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