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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

obesidade mental

Este artigo já tem alguns meses. Guardei-o por achar interessante e, infelizmente, corresponder à actualidade. Já me disseram que o livro não existe...exista ou não, penso que o artigo merece reflexão.

A Obesidade Mental – Andrew Oitke
(Por João César das Neves )
O prof. Andrew Oitke publicou «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna “fast food” intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado “Os Abutres”, afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas.
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»

3 comentários:

  1. Exista ou não o livro, é a realidade.
    Tenho tanta pena e mete-me tanta impressão que assim seja. Mas vejo que a maior parte da juventude não lê, não se interessa por muita coisa.
    No entanto se diziam que antigamente o nosso país era "entretido" com religião, fado e futebol...hoje em dia só a religião ainda não brotou, mas a música pimba substituiu o fado e o futebol está aí em força e "profissionalizado"!

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  2. Concordo plenamente. É um descalabro total. Então temos que fazer algo, temos de arranjar forma de apregoarmos , publicitar, marketizar enfim, temos de agir. Que tal juntarmo-nos e tentar escrever um livro intitulado "dieta mental". Aranjamos forma de o pulicar e quem sabe atrairá esta obesidade doentia, que polui o mundo, para a sua leitura e passaremos a ter uma obesidade sadia, plena de valores, de sabedoria, humildade e generosidade. Vamos a isso????

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  3. Se quiseres, Milú, até podemos combinar que cada uma escreve um capítulo...não sei se as nossas amigas estarão pelos ajustes.

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