Nem só de pão vive o homem

Nem só de pão vive o homem
mas também de observar

domingo, 30 de maio de 2010

Aos meus Amigos...

...
"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila. Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.

Não me interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos... Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo. Deles não quero resposta, quero meu avesso.

Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.

Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.

Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.

Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria. Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto. Meus amigos são todos assim: metade asneira, metade seriedade.

Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.

Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.

Não quero amigos adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice. Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto, e velhos, para que nunca tenham pressa.

TENHO AMIGOS PARA SABER QUEM EU SOU.
Pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil."


(Oscar Wilde)

9 comentários:

  1. Como eu estou de acordo com o Oscar Wilde... Descansa-me imenso porque justifica em boa parte a publicação anterior: tão longe da ilusão imbecil da normalidade!!!
    Obrigada amiga por este texto!

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  2. Lindo texto; pelo menos não sou santa mas sou louca - tua Amiga pois qu'inté! E do coração.

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  3. Tuka,
    Vejo-te de cara lavada e alma exposta e sei que não duvidas das diferenças e até serás capaz de pedir perdão pelas injustiças...

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  4. Comento com outro poema de Vinicius de Morais:



    Enfim, depois de tanto erro passado
    Tantas retaliações, tanto perigo
    Eis que ressurge noutro o velho amigo
    Nunca perdido, sempre reencontrado.

    É bom sentá-lo novamente ao lado
    Com olhos que contêm o olhar antigo
    Sempre comigo um pouco atribulado
    E como sempre singular comigo.

    Um bicho igual a mim, simples e humano
    Sabendo se mover e comover
    E a disfarçar com o meu próprio engano.

    O amigo: um ser que a vida não explica
    Que só se vai ao ver outro nascer
    E o espelho de minha alma multiplica...

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  5. Que coisa bonita, Milú!
    Obrigada, amiga!
    Beijinho

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  6. Bom, curvo-me perante as "amantes de poesia" que, subitamente, as minhas amigas se revelaram! Não é que já não o fossem (poetisas até), mas agora "expuseram-se" em simultâneo...

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  7. Ora sai lá do casulo e "bota" uma também.

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  8. Já "botei" no meu blog, e isto "cansa" muito...

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