Nem só de pão vive o homem

Nem só de pão vive o homem
mas também de observar

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Já agora...o poema que recitei

Tal como a Stella, também eu tive que decorar e recitar um poema quando andava no liceu.

Dou um prémio a quem adivinhar o autor.

Nos toscos degraus da porta
Da igreja rústica e antiga
Velha e trémula mendiga
Implorava compaixão

À distância, na alameda,
duas crianças brincavam
Uma trajava de seda,
d’outra humilde era o trajar
Uma era rica, outra pobre
Ambas loiras e formosas
Nas faces a cor das rosas
Nos olhos o azul do ar

A rica ao deixar os jogos vencida pelo cansaço
Viu a mendiga e ao regaço
Uma esmola lhe lançou.
Ela recebe-a e a criança que a socorre compassiva
Em prece fervente e viva, aos anjos a encomendou

De um ligeiro sentimento de vaidade possuída
À criança mal vestida disse a do rico trajar:
“O prazer de dar esmolas a ti e aos teus não é dado
Pobre como és coitado, aos pobres o que hás-de dar?”

Então a criança pobre,
sem mais sombra de desgosto
Tendo um sorriso no rosto
Da igreja se aproximou
E ao chegar junto da velha
Descobrindo-se, ajoelha
E a magra mão lhe beijou

É assim que a caridade do pobre ao pobre consola
Não só da mão sai a esmola
Sai também do coração.

12 comentários:

  1. Júlio Dinis, é claro! E tu fixaste isto tudo? Olha bem a grande diferença entre as nossas cabecinhas de então e as de agora... Mas talvez tenhas gagejado a meio (eu julgo que, pelo menos, terei hesitado numa entrada duma estrofe).
    Bom, cá fico à espera do prémio...

    ResponderEliminar
  2. Não gagejei, nem sequer gaguejei, vê lá tu.
    Disse tudinho com muita entoação e no final até fui muito aplaudida.
    Sim senhora, tem direito ao prémio.

    ResponderEliminar
  3. Mas só quero acrescentar que, nos "épicos" tempos que correm, seguramente a caridade vai ser muito mais distribuída como o fez a segunda criança, e tomara que, mesmo assim, haja ânimo para tanto...
    E entre a última e a penúltima estrofe escapou-te uma pequenina, mas que faz todo o sentido:

    "A mendiga alvoroçada,
    Ao colo os braços lhe lança,
    E beija a pobre criança,
    Chorando de comoção."

    ResponderEliminar
  4. E disse isto agora tudo sem "gagejar". É bom termos os sentidos todos alerta!!!

    ResponderEliminar
  5. É natural que me tenha escapado alguma coisa porque foi tudo de memória e como sabes...já não é o que era. Procurei o livro do Júlio Dinis mas não o encontrei. Então puxei pela cabeça (puxei tanto que ia ficando sem ela) e pensei que mesmo se faltasse alguma coisa, o essencial estava lá e não ia fazer perigar o dito prémio. Este é dos tais que não me parece que esteja na net...portanto, ou se sabe ou não.

    ResponderEliminar
  6. Claro que está na Net! Ou achas que eu sabia o poema de cor? Mas gosto de reler e verifiquei a diferença. Bjinhos

    ResponderEliminar
  7. Com que então querias que não estivesse na net. Julio Dinis!!!
    Promrto quetambém amanhã, porque hoje já me esforcei muito, vou escrever o meu e esse não vão adivinhar o autor.

    ResponderEliminar
  8. Ó miúdas...estou roxa de vergonha...nem conhecia as poesias do Júlio Diniz...quanto mais de cor!!!
    Como já disse, não sou capaz de recitar nada, nunca fixo as letras, mas em compensação assobiar músicas é comigo! (É o mesmo com a tabuada...só a música sei de cor!!!) Eh!Eh!

    ResponderEliminar
  9. Tem lá paciência, mas levas aqui os PARABÉNS!!!!
    Pôr no meu não tem a mesma graça!
    Muitos e bons.
    Amanhã faz o meu pai 95, também queres?
    Graças a Deus têm sido saudáveis, agora é que já anda devagarinho. Diz que tem falta de óleo nas dobradiças!
    Que possas lá chegar, ou o mais perto possível!

    ResponderEliminar
  10. Obrigada amiga Bé! Só lá quero chegar (aos 95) se tiver lucidez e a saúde não muito debilitada, com autonomia para não chatear ninguém. Mas estas decisões não são nossas, portanto, cá estou para o der e vier.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  11. Olha Lúcia, fizeste-me voltar ao 5º ano e "recitar" o auto de Mofina Mendes...quando chegava a alusão às galinhas eu sei que me partia a rir e a dra. Letícia ía aos aramoruns.....
    Não me lembrava se "a esmola de um pobre" se era de Julio Dinis se de Feliciano Castilho mas a Telinha acertou logo. Beijinhos a todas e perdoem-me andar um pouco distante.

    ResponderEliminar