Voltei a lembrar-me
que se deve escrever todos os dias. O tal mínimo de 400 palavras, sobre o que
se aprendeu nesse dia ou outro assunto qualquer. Não tenho escrito, estou em
falta comigo. Vai sendo costume.
Há dias em que as
palavras vêm ter comigo. Eu gosto de palavras e talvez por isso elas me
procurem. Mas não é todos os dias que isso acontece. Por vezes elas escondem-se
e sou eu que tenho que as procurar e nem sempre as encontro, pelo menos na
versão e com o significado que preciso para demonstrar o que pretendo. Também é
verdade que nem sempre sei o que pretendo, só sabendo que preciso das palavras
para me sentir eu. Quando elas não me procuram fico preguiçosa para as ir
buscar. Fico assim um pouco sem saber quem sou, cheia de interrogações e
dúvidas.
Bom, mas então o que
aprendi hoje? Há, pelo menos uma coisa a referir especialmente. Que levantar
mais cedo, às vezes, é bom. Muito prosaico. Porquê hoje? Porque gosto de viajar
de carro durante o dia, o que já vai sendo raro. Geralmente saímos ao fim da tarde
e fazemos uma parte da viagem de noite. Refiro-me, naturalmente, às viagens de
e para o Alentejo. Hoje, o Pedro e eu decidimos sair de manhã. Não conseguimos
que assim fosse mas… foi depois de almoço, pronto, sempre foi mais cedo. Devia
ter sido ontem e já tínhamos as malas arrumadas e tudo, mas…ui, ontem foi um
dia agitado. Assim, de repente, decidimos trocar de carro. Uns telefonemas, uma
ida ao concessionário e…já está. Carro novo, vida nova. Mais uma razão para a
saída no dia seguinte, viajando com sol. Assim foi.
Fizemos o mesmo
caminho do costume mas hoje parecia diferente. Vimos campos lindos de searas
com sobreiros e outras árvores pelo meio. Diversos matizes de lilás, laranja,
amarelo, sem esquecer o vermelho das papoilas que nesta altura dão um colorido
especial à terra. Passarinhos pelo meio. Gostei da viagem. Parámos no sítio do
costume para esticar as pernas e tomar um cafezinho. O empregado que já nos
conhece estava particularmente conversador. Muito empolgado afirmou que tinha
feito uma visita a uma instalação (talvez) fabril ali perto e tinha ficado
ciente pelas informações que ouvira que no Alentejo havia pleno emprego (!).
Não havia fábricas encerradas ou com pouca laboração. Tudo funcionava bem e em pleno. Fiquei a
pensar no assunto. Há poucos dias um pequeno empresário alentejano que esteve
em nossa casa, queixou-se da dificuldade que sentia para sobreviver porque, não
podendo admitir empregados, por falta de verbas para lhes pagar, tinha que ser
ele a fazer quase tudo. Contrastes e desequilíbrios. A nossa sociedade está
cheia deles. Aqui, faltam-me as palavras para descrever o que sinto e penso
sobre o assunto. Talvez amanhã as encontre. Hoje fico-me por aqui.
(imagem tirada da net)