Desabafos
Tenho-me
interrogado sobre como se pode ser isento, imparcial nos julgamentos que todos
fazemos de uma maneira ou outra.
Reparo
que todos têm as suas opiniões formadas sabe-se lá de que forma(!), se
correcta, porque as informações recolhidas são as certas e verdadeiras, ou se,
pelo contrário, se prendem apenas com valores que se pensa serem os seus. Verifico
que na maior parte dos casos, sem precisar de confirmação, criam-se convicções.
E todos ficam muito satisfeitos quando vêem um amigo ou conhecido divulgar uma
informação que, muitas vezes sem fundamento sério, vai ao encontro dessas
mesmas convicções, ao mesmo tempo que ficam tristes e, até mesmo algumas vezes
irritados, quando o contrário também acontece. E é curioso notar que, sobretudo
no que toca à política, a maior parte das pessoas não tem dúvidas desde que a
informação lhe seja favorável no que às tais convicções diz respeito. Tenho
observado raros casos interrogativos, curiosamente até por parte de gente que
pretende ter seriedade intelectual, ou pelo menos ser considerado nesse patamar.
Parte-se, pura e simplesmente, da aceitação da “verdade” ou da “mentira” veiculadas,
como uma realidade absoluta que não precisa de confirmação. É aquilo “que toda
a gente sabe”…dizem alguns, ou “a mim nunca me enganou”… dizem outros, ou ainda
“nunca gostei dele ou dela”. Os “maus” ficam assim de um lado e os “bons” do
outro. É o preconceito instalado no íntimo até dos mais puros, que dessa forma
mostram querer estar de acordo com quem têm pretensas afinidades ou interesses
comuns. Sem mais. Pois se até se vêem juízes afirmar que decidiram em função
das suas convicções ou, bem mais grave, da opinião pública (!).
Constato
assim que a imparcialidade é algo que não é possível possuir. O ser humano não
consegue atingir esse despojamento, essa nobreza de carácter. Haverá excepções,
claro, mas só confirmam a regra.
Então,
surge-me de repente uma outra interrogação, porventura menos prosaica. Se
estamos todos tão formatados, tão arreigados às tais convicções e profissões de
fé, conseguiremos ser livres? O que é a liberdade, afinal? A tal que se
proclama como indispensável a uma existência digna… ao direito (eu diria
obrigação) de lutar pela igualdade de oportunidades? … não, essa liberdade não
existe!
Vamos
aceitando tudo, mesmo quando reclamamos de alguma coisa, vamos deslizando pela
vida como o caracol pela folha, sem se aperceber da falta de transparência da
mesma, sem se aperceber que há outro por trás. Outro, que sendo parecido é diferente,
porventura com as mesmas necessidades.
E
depois…ah é Natal!
Que todos o possam viver! Os "bons" e os "maus"
(foto tirada da net)
(foto tirada da net)
A pedido...aqui fica o desabafo
ResponderEliminarOh caracol (de cima ou de baixo, tanto faz)! Tanta prosa nesta época natalícia? E ainda por cima "a pedido"... Quem foi o/a maroto/a? Olha... tá bem! Como já "desabafaste", daqui te envio um beijinho, desejando aos "bons" e aos "maus" membros da tua página que possam "viver o Natal" com saúde e paz, pelo menos! E, se puder ser, com muita bondade à volta.
ResponderEliminarAs prosas de reflexão tal como a que quis fazer não têm propriamente uma época, sendo, por sinal, o Natal a mais oportuna de todas...não será?
ResponderEliminarObrigada pelo beijinho que retribuo.
Lucia,
ResponderEliminarMuita verdade nas suas reflexões, mas grande parte do que se passa é pela Comunicação Social enviesada que temos e leva as pessoas a julgamentos na praça pública que muitas das vezes são injustos. Aproveitando esta época natalícia é bom levantarmos estas questões.
Desejos de um Feliz Natal e Um Ano Novo bem melhor dos seus Vizinhos Alentejanos que andam desencontrados.
Muito obrigada, querido amigo!
EliminarGostei do seu comentário que aprecio especialmente.
Também eu lhe desejo, a si, à Lena e toda a família, muita felicidade neste Natal e que o ano que aproxima possa ser vivido em paz, com muita saúde (fundamental!) e serenidade. E já agora, com mais encontros "alentejanos" do que os que conseguimos até agora.