Nem só de pão vive o homem

Nem só de pão vive o homem
mas também de observar

sábado, 13 de dezembro de 2014

Desabafos
Tenho-me interrogado sobre como se pode ser isento, imparcial nos julgamentos que todos fazemos de uma maneira ou outra.
Reparo que todos têm as suas opiniões formadas sabe-se lá de que forma(!), se correcta, porque as informações recolhidas são as certas e verdadeiras, ou se, pelo contrário, se prendem apenas com valores que se pensa serem os seus. Verifico que na maior parte dos casos, sem precisar de confirmação, criam-se convicções. E todos ficam muito satisfeitos quando vêem um amigo ou conhecido divulgar uma informação que, muitas vezes sem fundamento sério, vai ao encontro dessas mesmas convicções, ao mesmo tempo que ficam tristes e, até mesmo algumas vezes irritados, quando o contrário também acontece. E é curioso notar que, sobretudo no que toca à política, a maior parte das pessoas não tem dúvidas desde que a informação lhe seja favorável no que às tais convicções diz respeito. Tenho observado raros casos interrogativos, curiosamente até por parte de gente que pretende ter seriedade intelectual, ou pelo menos ser considerado nesse patamar. Parte-se, pura e simplesmente, da aceitação da “verdade” ou da “mentira” veiculadas, como uma realidade absoluta que não precisa de confirmação. É aquilo “que toda a gente sabe”…dizem alguns, ou “a mim nunca me enganou”… dizem outros, ou ainda “nunca gostei dele ou dela”. Os “maus” ficam assim de um lado e os “bons” do outro. É o preconceito instalado no íntimo até dos mais puros, que dessa forma mostram querer estar de acordo com quem têm pretensas afinidades ou interesses comuns. Sem mais. Pois se até se vêem juízes afirmar que decidiram em função das suas convicções ou, bem mais grave, da opinião pública (!).
Constato assim que a imparcialidade é algo que não é possível possuir. O ser humano não consegue atingir esse despojamento, essa nobreza de carácter. Haverá excepções, claro, mas só confirmam a regra.
Então, surge-me de repente uma outra interrogação, porventura menos prosaica. Se estamos todos tão formatados, tão arreigados às tais convicções e profissões de fé, conseguiremos ser livres? O que é a liberdade, afinal? A tal que se proclama como indispensável a uma existência digna… ao direito (eu diria obrigação) de lutar pela igualdade de oportunidades? … não, essa liberdade não existe!
Vamos aceitando tudo, mesmo quando reclamamos de alguma coisa, vamos deslizando pela vida como o caracol pela folha, sem se aperceber da falta de transparência da mesma, sem se aperceber que há outro por trás.  Outro, que sendo parecido é diferente, porventura com as mesmas necessidades.

E depois…ah é Natal! 
Que todos o possam viver! Os "bons" e os "maus"

(foto tirada da net)

5 comentários:

  1. Oh caracol (de cima ou de baixo, tanto faz)! Tanta prosa nesta época natalícia? E ainda por cima "a pedido"... Quem foi o/a maroto/a? Olha... tá bem! Como já "desabafaste", daqui te envio um beijinho, desejando aos "bons" e aos "maus" membros da tua página que possam "viver o Natal" com saúde e paz, pelo menos! E, se puder ser, com muita bondade à volta.

    ResponderEliminar
  2. As prosas de reflexão tal como a que quis fazer não têm propriamente uma época, sendo, por sinal, o Natal a mais oportuna de todas...não será?
    Obrigada pelo beijinho que retribuo.

    ResponderEliminar
  3. Lucia,
    Muita verdade nas suas reflexões, mas grande parte do que se passa é pela Comunicação Social enviesada que temos e leva as pessoas a julgamentos na praça pública que muitas das vezes são injustos. Aproveitando esta época natalícia é bom levantarmos estas questões.
    Desejos de um Feliz Natal e Um Ano Novo bem melhor dos seus Vizinhos Alentejanos que andam desencontrados.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Muito obrigada, querido amigo!
      Gostei do seu comentário que aprecio especialmente.
      Também eu lhe desejo, a si, à Lena e toda a família, muita felicidade neste Natal e que o ano que aproxima possa ser vivido em paz, com muita saúde (fundamental!) e serenidade. E já agora, com mais encontros "alentejanos" do que os que conseguimos até agora.

      Eliminar